LIMITES NA EDUCAÇÃO INFANTIL
É consenso em qualquer análise comportamental, seja ela feita por especialistas, ou por leigos, que a sociedade atual enfrenta uma grande “crise de valores”. Esta constatação, se evidencia dadas as intensas dificuldades no relacionamento humano, e leia-se aqui o relacionamento em todas as esferas da vida social, desde a convivência no âmbito familiar, no local de trabalho e em locais públicos. Na escola, emergem estas preocupações e fica visível que esta crise de valores está associada ao fato de nos encontrarmos numa sociedade marcada por valores ligados ao poder, à posse, à competição, ao individualismo, à aparência e ao sucesso.
Tanto quanto os aspectos culturais na formação dos limites, as relações afetivas que se estabelecem na família desde a primeira infância, e o desenrolar destas relações quando a criança se vê participando de outros grupos de convivência, como é o caso da escola, podem ser determinantes para o estabelecimento destes limites e a internalização da necessidade destes . Especialistas afirmam que o trabalho com limites pode se dar desde a convivência com bebês, baseado principalmente na qualidade da interação entre pais e criança em termos afetivos, já que a criança que se sente desejada, reconhecida, cuidada e amada, inevitavelmente se sentirá respeitada e esta imagem positiva que se estabelece então pode ser o primeiro dispositivo para o despertar da necessidade das regras. Podemos resumir que o primeiro papel do adulto junto à criança é o de cuidar. Mas não o cuidado trivial e sim aquele permeado de afetividade. Muitas vezes, esta tarefa é atribuída à instituição escolar, desde as EMEIs até as etapas subsequentes ao atendimento escolar.
Neste aspecto, o papel do professor da Educação Infantil se constitui numa relação amorosa, minada de situações coletivas que requerem um grande empenho na minimização dos conflitos e na acolhida de cada criança em sua individualidade. Trata-se de uma tarefa complexa e um tanto “contraditória” , se assim podemos dizer, pois o profissional da educação deve lançar mão de atitudes firmes e ao mesmo tempo ternas a fim de estabelecer tais limites. Não devemos superestimar as funções da escola, nem tampouco vê-las de forma isolada do cotidiano das crianças dentro das suas próprias casas. È preciso que a família conheça e confie no trabalho da escola.
No campo das ações pedagógicas, já com crianças à partir dos quatro anos, a definição de regras pode ser incentivada com a confecção do cartaz de regrinhas. Nesta atividade, a própria turma vai definindo o que acha importante para a boa convivência no ambiente escolar. Utilizando-as como base, as crianças vão policiando suas atitudes e a dos colegas, então, sempre que há uma transgressão grande parte dos alunos se mobilizam para motivar o transgressor a modificar sua postura. O importante é que o cartaz não seja apenas ornamento na sala de aula e sim um instrumento nesta tarefa. Outros ricos recursos podem ser empreendidos nesta missão, desde histórias, fábulas, filmes e brincadeiras. O importante, nesta história é mesmo a criação de um ambiente que estimule a cooperação e uma cumplicidade positiva na escola, pois além de diminuir os problemas disciplinares, ajuda a abrir caminho para o acolhimento das diferenças.
Daniela Ribeiro Rodrigues
Pedagoga, formada pela UNIJALES
Professora da rede municipal de Jales
Cursou recentemente o curso de formação continuada Gênero e Diversidade na Escola pela Ufscar.
Texto publicado no Jornal de Jales 30/05/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo recadinho.
Sua visita me faz feliz!!!